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progresso no destino da humanidade era impossível - o que seria uma boa
razão para que todos vivessem contentes, com o que havia, e não tentassem
urna revolução como a da França.
Malthus ataca Godwin da seguinte forma: "O grande erro em que elabora o
Sr. Godwin em todo o seu livro está na atribuição d e quase todos os vícios e
misérias existentes na sociedade civil às instituições humanas. As
regulamentações políticas e a administração da propriedade existente são
para ele as fontes de todo o mal, o berço de todos os crimes que degradam a
humanidade.
Se assim realmente fosse, não seria tarefa impossível afastar totalmente o
mal do mundo; a razão parece ser o instrumento próprio e adequado para
realizar tão grande objetivo. A verdade, porém, é que embora as instituições
humanas pareçam ser as causas evidentes e óbvias de muitos males da
humanidade, na realidade são ligeiras e superficiais, são como simples penas
que flutuam na superfície, em comparação com as causas profundas de
impureza que corrompem as fontes e tornam turvas as águas de toda a vida
humana." Quais são essas "causas profundas" que fazem a miséria da
humanidade? A resposta de Malthus é que a população aumenta mais
depressa do que o alimento para mantê-la viva. O resultado - haverá uma
época em que o numero de bocas será muito superior ao alimento existente
para alimentá-las. A população, quando não-controlada, aumenta numa razão
geométrica. A subsistência aumenta apenas em proporção aritmética Isso
significa um controle forte e constante sobre a população, provocado pela
dificuldade de subsistência. Essa dificuldade deve recair nalguma parte e
deve necessariamente ser fortemente sentida por grande parte da
humanidade.
A população da Ilha [Inglaterra] é de cerca de sete milhões. Suponhamos ser
a produção atual suficiente para sustentar esse número. Nos primeiros 25
anos, a população será de 14 milhões, e o alimento 'dobrando também, os
meios de subsistência serão iguais a esse aumento. Nos 25 anos seguintes a
população será de 28 milhões; e os meios de subsistência suficientes apenas
para o sustento de 21 milhões. No período seguinte, a população será de 56
milhões, e os meios de subsistência suficientes para metade desse número. E
na conclusão do primeiro século, a população seria de 120 milhões, e os
meios de subsistência suficientes apenas para o sustento de 35 milhões. Isso
deixaria uma população de 77 milhões totalmente sem abastecimento." 240
Isso, diz Malthus, não acontece na realidade. Porque a morte (na forma de
"epidemias, pestes e pragas e fome") age e recolhe sua taxa de crescimento
demográfico, de forma que este se harmoniza com o suprimento de
alimentos. O crescimento superior da população é contido, e a população real
se mantém em nível com os meios de subsistência pela miséria e pelos
vícios.
Assim, a razão pela qual as classes trabalhadoras eram pobres, disse Malthus,
não estava nos lucros excessivos (razão humana) mas no fato de que a
população aumenta mais depressa do que a subsistência (lei natural). Nada
se poderia, porém fazer para melhorar a situação dos pobres? "Nada, disse
Malthus na primeira edição de seu livro: "É sem dúvida um pensamento
muito acabrunhador, o de que o grande obstáculo a qualquer melhoria
extraordinária da sociedade seja uma natureza impossível de superar."
Mas na segunda edição, publicada em 1803, ele achou uma solução. Além da
miséria e do vício, um 'terceiro controle da população era possível - o
"controle moral". Greves, revoluções, caridade, regulamentações
governamentais, nada disso poderia ajudar os pobres em sua miséria - eles é
que deviam ser responsabilizados, porque se reproduziam tão rapidamente.
Impeça-se que casem tão cedo. Pratiquem o "controle moral" - não tenham
famílias tão grandes - e assim poderão ter esperanças de se ajudarem a si
mesmos. Quem servia melhor à sociedade - a mulher que se casava e tinha
muitos filhos, ou a solteirona? Malthus achava que era a segunda: "A
matrona que criou uma família de 10 ou 12 filhos, que talvez estejam
lutando pela pátria, pode achar que a sociedade lhe deve muito Mas se a
questão for imparcialmente examinada, e a matrona respeitada tiver seu peso
aferido na escala da justiça, em relação à desprezada solteirona, é possível
que a matrona leve a pior."
Boa notícia para os ricos, a de que os pobres eram os únicos culpados de sua
pobreza.
Depois de Adam Smith, o mais importante dos economistas clássicos foi
David Ricardo. Era um judeu londrino que fizera grande fortuna nas ações da
Bolsa. Seu livro The Principies of Political Economy and Taxation,
publicado em 1817, é considerado por' muitos como o primeiro a tratar a
Economia como uma ciência. A Wealth of Natiotzs de Adam Smith é leitura
fácil, em comparação com o trabalho de Ricardo. Uma das razões: Smith é
muito melhor como escritor. Outra, e talvez mais importante, é a
objetividade de Smith, sua citação de exemplos familiares para ilustrar suas
idéias. Ricardo, por outro lado, é abstrato e usa exemplos imaginários que
podem, ou não, ter alguma aparência de realidade. Os livros científicos são,
de modo geral, difíceis e monótonos. Ricardo não constitui exceção. Não
obstante, o que tinha a dizer era tremendamente importante, e ele se
classifica como um dos maiores economistas do mundo.
Em nosso limitado espaço só podemos examinar algumas de suas doutrinas,
e muito rapidamente. A primeira é conhecida como "a lei férrea dos
salários". O que os trabalhadores ganhavam pela sua atividade já recebera a
atenção de autores antes de Ricardo. Em 1766, Turgot, num pequeno livro
intitulado Reflections on the Formation and Distribution of Wealth, dizia: "O
trabalhador simples, que depende apenas de suas mãos e sua indústria, não
tem senão a parte de seu trabalho de que pode dispor para os outros. Vende-
a a um preço maior ou menor; mas esse preço alto ou baixo não depende
apenas dele; resulta de um acordo que fez com a pessoa que o emprega. Esta
lhe paga o menos possível, e, como pode escolher entre muitos
trabalhadores, prefere o que trabalha por menos. Os trabalhadores são por
isso obrigados a reduzir seu preço em concorrência uns com outros. Em toda
espécie de trabalho deve acontecer, e na realidade acontece, que os salários
do trabalhador se limitam apenas ao que é necessário à mera subsistência."
Turgot não foi além. Ricardo desenvolveu a idéia, e por isso a lei de férias
dos salários está ligada a ele. Assim, afirma que o trabalhador ganha apenas
o salário necessário para manter vivos a ele e à família. "O preço natural do
trabalho.., depende do preço do alimento, necessidade e conveniências
necessárias à manutenção do trabalhador e sua família. Com um aumento no
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